
A notícia de que ônibus elétricos começariam a atender Aracaju trouxe entusiasmo tanto para os usuários do transporte público quanto para os defensores de alternativas mais sustentáveis. No entanto, apesar da expectativa, na proposta apresentada pela prefeitura de Aracaju ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) não há nenhuma menção a ônibus elétricos, somente modelos a combustão.
Quando a prefeitura anunciou a compra de 10 ônibus elétricos, o Sergipense entrou em contato com a gestão municipal para entender o processo, já que os recursos anunciados para a aquisição seriam provenientes do PAC. Essa dúvida surgiu porque, durante a administração do ex-prefeito Edvaldo Nogueira (PDT), não havia sido submetida nenhuma proposta para a compra de ônibus elétricos, apenas de veículos a combustão.
Em resposta, a prefeitura apresentou uma portaria do Ministério das Cidades que liberava R$ 36 milhões para Aracaju, via PAC Seleções, em maio de 2024. Os recursos seriam disponibilizados por meio de crédito junto ao BNDES e atenderiam à proposta de Edvaldo, que ignorou modelos elétricos.
A gestão de Emília Corrêa (PL) respondeu ao Sergipense que “com a nova gestão, o Ministério das Cidades possibilitou a alteração do plano de trabalho e, desta vez, foi priorizada a aquisição de 10 ônibus elétricos”, posicionamento publicado em matéria no Sergipense.
Contudo, o Ministério das Cidades negou que qualquer alteração tivesse sido solicitada. “Até o momento, não foi recebido pedido de alteração de quantitativo e tecnologia dos ônibus selecionados. Portanto, a seleção continua sendo de 40 ônibus euro 6”, informou o ministério. Além disso, os recursos para a compra dos novos ônibus através do programa deverão seguir o critério estabelecido de empresas com conteúdo nacional, “sendo comprovado pelo cadastro CFI do BNDES”.
O Sergipense questionou novamente a prefeitura sobre a aquisição e, desta vez, a resposta não é mais que houve uma autorização, mas que há “tratativas iniciais com o Ministério das Cidades para a evolução do projeto para a aquisição dos ônibus elétricos”. Essa incerteza reforça uma falta de clareza no processo, gerando o risco de frustrar as expectativas da população.
É evidente que a omissão do ex-prefeito Edvaldo Nogueira ao não incluir os ônibus elétricos no planejamento de Aracaju foi um erro estratégico, considerando especialmente a necessidade de modernizar o transporte público com alternativas mais sustentáveis. No entanto, a prefeita Emília Corrêa foi precipitada ao anunciar a compra de 10 ônibus elétricos sem dispor, no momento, de garantias concretas para cumprir essa promessa. A situação demonstra a necessidade de maior planejamento e transparência para evitar a perda de credibilidade junto ao povo de Aracaju.