O leilão que ocorre hoje, 4 de setembro, marca um momento crucial para o projeto privatista do governador Fábio Mitidieri (PSD): a entrega de parte dos serviços da Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso) ao setor privado. Longe dos olhos dos sergipanos, na Bolsa de Valores B3 em São Paulo, o governo neoliberal de Mitidieri segue adiante com a privatização de uma de nossas maiores riquezas sem realizar um debate amplo com a população.
Há um grande risco de que o povo sergipano tenha que pagar mais pela água em suas torneiras, um serviço essencial e sem concorrência. Nas mãos do mercado, como acontecera em outros estados, a perseguição pelo lucro em detrimento da função social tende a elevar as taxas. Fábio Mitidieri demonstra estar consciente dos prejuízos ao povo. Uma cláusula no contrato só permite aumento real da tarifa pela empesa vencedora em 2027, após a eleição que decidirá se Mitidieri será reeleito ou não.
O interesse do mercado na Deso é grande, devido à sua saúde financeira e capacidade de gerar lucros, o que significa que o setor privado assumirá uma empresa funcional e lucrativa. Enquanto a Deso continuará responsável pela captação e tratamento da água, o “filé” da operação — a distribuição e cobrança — será entregue ao setor privado.
Esse processo tem sido alvo de severas críticas por parte da oposição na Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), dos sindicatos e dos movimentos sociais. O SINDISAN, sindicato que representa os trabalhadores da Deso, denunciou a falta de transparência e como as audiências públicas foram conduzidas, dificultando a participação popular. O PT apresentou uma ADI no STF questionando a legalidade da lei que permitiu a entrega dos serviços.
O governo justifica a privatização com a promessa de investimentos pela empresa vencedora, mas é importante questionar: de onde virão esses recursos? Certamente, não será por caridade. Empresas privadas buscam o lucro, e esses investimentos serão cobrados dos sergipanos. O que se evidencia é que o governo de Mitidieri, ao optar pela privatização, demonstra uma incapacidade de gerir a Deso eficientemente e acaba renunciando a um patrimônio público, colocando em risco as camadas mais vulneráveis da população.