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Foto do escritorAndré Carvalho

Candidata do Podemos lidera ranking sergipano de maiores custos para dep. federal em 2022


Foto: Graccho

As eleições de 2022 passaram, mas ainda há dados que não foram trabalhados satisfatoriamente, um deles são os gastos em campanha. Neste texto, iremos abordar alguns detalhes sobre as candidaturas de deputados federais em Sergipe, ranqueando os que obtiveram maiores recursos e os que possuíram os maiores custos por voto.


O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que trabalha com a transparência para o fortalecimento da democracia, disponibiliza uma série de dados que possibilitam ao eleitor e aos profissionais da política a leitura do que possivelmente ocorreu nos bastidores daquela eleição e sobre o uso do dinheiro público por parte dos partidos e candidatos.


Uma das formas mais simples de verificar se o recurso foi bem aplicado é o custo por voto, verificando o montante investido nas candidaturas e os votos obtidos por elas. Lembrando que ter um alto custo por voto não pode ser compreendido apenas como indício de candidatura laranja, mas, também, como incompetência do candidato na boa alocação de recursos - em sua maioria públicos - durante a campanha.


No custo por votos, lidera a lista a advogada Adriana Mallezan (PODE), aliada da secretária Danielle Garcia (PODE). Adriana obteve 1.418 votos, tendo sido a quarta candidatura a deputada federal que mais recebeu recursos em Sergipe, um total de R$2.317.752,27, 99% de recursos públicos. Andrea Modesto, candidata do PC do B, foi a segunda com maior custo por voto. Andrea recebeu 115 votos e sua candidatura contou com R$173 mil, 100% de recurso público.


Segue abaixo a lista das 15 candidaturas com maior custo por voto para deputado federal em Sergipe no ano de 2022.


  1. Adriana Mallezan (PODE) - R$1.634,52/voto

  2. Andrea Modesto (PCdoB) - R$1.116,12/voto

  3. Ilani Paulina Enfermeira (PP) - R$428,69/voto

  4. Jota Jota do Ronda Notícias (UB) - R$418,41/voto

  5. Coronel Luis Fernando (PC do B) - R$408,86/voto

  6. Gabriela Passos (PP) - R$382,71/voto

  7. Anderson Gois (UB) - R$367,14/voto*

  8. Ismael Silva (PATRIOTA) - R$345,67/voto

  9. Coletivo juntas pelo Brasil + justo (PV) - R$327,19/voto

  10. Lícia Melo (PL) - R$305,81/voto

  11. Professora Avilete (PATRIOTA) - R$272,39/voto

  12. Eliana da Sopa (UB) - R$245,33/voto

  13. Suely Ouro (PSD) - R$236,09/voto

  14. Tatiane de Vavá do Algodão (PP) - R$215,36/voto

  15. Pastor Jony (REP) - R$203,73/voto

Dos oito deputados federais eleitos em 2022 por Sergipe, lidera a lista de custo por voto a delegada Katarina Feitosa (PSD) R$68/voto, seguida por Rodrigo Valadares (UB) com R$44,74/voto e Gustinho Ribeiro (REP) que conseguiu R$28,31/voto. Na lista oposta, de menor custo por voto, lidera ícaro de Valmir (PL) tendo conseguido R$0,44/voto, seguido por Thiago de Joaldo (PP) com R$16,85/voto e Yandra de André (UB) que gastou R$23,24/ voto.


Dos gastos da candidata Adriana Mallezan, 15% (R$356 mil) foi com a empresa Incine Comunicação, empresa que recebeu recursos de 7 candidaturas em todo país, tendo sido a candidata Danielle Garcia a principal cliente, responsável por 25% dos recursos obtidos pela empresa na última eleição, segundo o TSE.


O segundo maior gasto de Adriana foi com a empresa Roey Tech Solutions, na qual depositou 13% dos recursos. A empresa atendeu apenas Adriana e o candidato ao governo de Sergipe Alessandro Vieira (PSDB) na última eleição. Em seguida, também com 13%, vem a empresa RG Marketing, que atendeu 5 candidaturas, todas do Podemos, sendo Danielle Garcia a principal contratante.


A sinergia entre as candidaturas de Adriana Mallezan e Danielle Garcia também pôde ser observada na contratação da consultoria jurídica. Com a campanha de Alessandro coincidiu a contratação de equipamentos de filmagens e do posto de gasolina. Na escolha da gráfica e do escritório contábil, Adriana Mallezan, Danielle Garcia e Alessandro Vieira optaram pela mesma empresa. A sinergia de Adriana com seus aliados acaba nos contratos das empresas, não tendo obtido votações similares às de nenhum dos dois.


A segunda candidata com maior custo por voto, Andrea Modesto, recebeu um montante de R$173mil, tendo direcionado 18% para a campanha de Ivânia Pereira (PCdoB) à Alese, 17% alocou na produção de santinhos na empresa FBI Serviços de Publicidade,15% na produção de adesivos na empresa Ubirajara Andrade que atendeu a outros dois candidatos do seu partido. Nas principais contratações, Andrea optou por empresas que atendiam às outras candidaturas do seu partido.


Na terceira colocação de maior custo por voto vem Ilani Paulina, do PP. Dos R$603 mil com os quais a candidata contou para fazer campanha, 27% foi para a confecção de bandeiras, adesivos e santinhos na empresa Casa da Arte, que atendeu diversos candidatos, sendo 8 correligionários de Ilani. Outro gasto de Ilani foi com a contratação de consultoria de marketing, aproximadamente R$70 mil com a empresa Nova Guia.


Nas campanhas de Adriana Mallezan e Ilani Paulina chama atenção o quantitativo de pessoas contratadas para serviço de militância e panfletagem. Adriana contratou cerca de 200 colaboradores para esse tipo de serviço e Ilani cerca de 115. Apesar da multidão contratada, os votos não vieram no fechar das urnas.


Os dados do TSE compreendem os recursos declarados ao tribunal pelos candidatos e foram alocados em despesas de campanha como contratação de militância de rua, equipe de marketing, consultorias, aluguel de carros, aluguel de equipamentos e demais materiais e serviços fundamentais para que uma campanha chegue ao eleitor.


As votações que os partidos obtiveram para deputado federal são fundamentais para o cálculo de fundo partidário e eleitoral a partir daquela eleição, tendo sido priorizada por diversos partidos em detrimento da tentativa de colocar uma candidatura à presidência nas ruas e/ou de governadores em alguns estados.


Nacionalmente, União Brasil (UB), Partido dos Trabalhadores (PT), Movimento Democrático Brasileiro (MDB), Partido Social Democrático (PSD) e Partido Progressistas (PP) foram os que, nesta mesma ordem, lideraram o ranking de maiores recursos de fundo eleitoral em 2022. Em Sergipe, essa ordem não se repetiu.


No ranking de partidos que disponibilizaram os maiores montantes de recursos para dep. federal em Sergipe liderou o União Brasil com R$12,3 milhões, seguido por PSD (R$7,9 mi), Republicanos (R$6,4 mi), PP (R$6,1 mi) e PT (R$3,1 mi). Desses recursos, a maior parte é de fonte pública como fundo partidário e eleitoral, no caso dos R$12 milhões do União Brasil, apenas 4.9% é de fonte privada, recursos próprios dos candidatos ou de doadores.


É fundamental para o cidadão brasileiro acompanhar as votações e os gastos dos candidatos dos diversos partidos para poder compreender quais siglas priorizam gastos de qualidade em suas campanhas e conseguem conversar com o cidadão. É nítido que alguns partidos parecem ter menos zelo do que outros com o dinheiro que vem do povo e sequer conseguem construir candidaturas minimamente eficientes.



(*) Anderson Gois, candidato do União Brasil, aparecia como o terceiro candidato com maior custo por voto, entretanto, o candidato devolveu o montante de R$200 mil ao partido por receber um repasse indevido, colocando ele na sétima colocação de maior custo por voto para deputado federal em Sergipe.



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