Desde a saída de Edvaldo Nogueira (PDT) do PCdoB, o partido comunista vem passando por uma queda substancial de expressão eleitoral. Ter menos votos, não necessariamente precisa refletir uma perda de expressão política, porém, quem acompanha a política sergipana percebe um PCdoB menos crítico, combativo e expressivo nas terras do cacique Serigy.
Em partidos com base popular, a capacidade de impactar politicamente a sociedade não deve se limitar à representação formal, ela deve avançar numa busca por uma democracia participativa. Entretanto, no caso do PCdoB em Sergipe, o partido tem se distanciado dos debates críticos, que maximizam a democracia e a luta do proletário, para estar ao lado dos poderosos que possuem compromisso com uma agenda burguesa.
Apesar de fortemente prejudicado pelas movimentações do ex-comunista Edvaldo Nogueira, que além de abandonar a sigla, levou consigo quadros importantes do partido, os comunistas que ficaram se mantêm fiéis ao ex-companheiro. Uma das caricaturas dessa desidratação foi a desfiliação do então presidente do PCdoB da capital, professor Bittencourt, após 27 anos no partido para que ele se filiasse ao PDT, no mesmo dia em que ele próprio presidiu a sessão em alusão ao centenário do partido na Câmara de Aracaju.
Naquela oportunidade, a saída se deu para uma disputa por um mandato de deputado federal, que se sabia, de véspera, que o PDT não conseguiria. Ou seja, a saída de Bittencourt não serviu para nada na prática. Agrava a situação Bittencourt sequer ser elevado a candidato de Edvaldo, que, naquela ocasião, apoiava fortemente Luiz Roberto (PDT).
O boicote causado por Edvaldo, que poderia buscar quadro em outros partidos, fez o PCdoB sair de 10.857 votos para federal em 2018, para 985 em 2022. A queda se deu também para estadual, caindo de 28.147 votos para 3.570 votos.
Mesmo amargando nos últimos anos frutos negativos com a aliança com Edvaldo, o PCdoB em Sergipe insiste em manter uma relação de cooperação com o prefeito e de pouco confronto com o governo de Fábio Mitidieri (PSD). A proximidade com o grupo governista chega ao absurdo de ter, compondo a mesa em sinal de honra, a presença do secretário de planejamento do estado de Sergipe, Júlio Filgueira. Àquele que cabe planejar uma agenda burguesa, privatista e neoliberal em Sergipe o destaque festivo.
Com dificuldades para apresentar nomes competitivos à Câmara de Aracaju, o PCdoB poderia estar investindo no fortalecimento de seus quadros, principalmente advindos da UJS, um dos braços mais expressivos do partido, e na atração de quadros que representem uma luta popular, porém, persiste em aplaudir aqueles que contra os trabalhadores de Sergipe atuam. Celebrar seus 102 anos de história ao lado de quem constrói um Estado completamente oposto ao que o PCdoB defende em seu manifesto parece não inspirar um futuro próspero para o PCdoB sergipano.