Nas eleições deste ano não está em jogo apenas os rumos de nossas cidades, mas a formatação do tabuleiro de poder no nosso país. As eleições municipais interferem diretamente na eleição de deputados, de senadores e influencia fortemente na eleição do presidente da república, logo, é fundamental que os eleitores estejam atentos.
Em 2022, nossa democracia se encontrava ameaçada e o país caminhava para uma decadência política, social e econômica. As forças obtusas que naquela época ocupavam o Executivo do país foram derrotadas nas urnas pela vontade soberana da nossa gente, porém, continuam no poder, compondo uma grande bancada no Legislativo que constantemente ameaça as vidas, os sonhos e a dignidade do povo.
Em Sergipe, vivemos uma conjuntura complexa na qual grupos políticos que outrora defenderam ideais de justiça social se veem seduzidos por cargos ou calados por uma expectativa ilusória de poder — que só conseguirão através do voto que afastam com esses movimentos políticos.
Na última eleição, Sergipe elegeu Lula (PT) para comandar o Executivo e Bolsonaro (PL) para o Legislativo. Dos 9 parlamentares federais eleitos em 2022 por Sergipe, apenas João Daniel (PT) possui afinidade com o projeto de Lula. João, ao lado de Rogério Carvalho (PT), eleito senador em 2018, são 2 de 11 parlamentares sergipanos em Brasília que têm compromisso com um projeto de país igualitário.
Esse número diminuto passa diretamente pelos prefeitos e vereadores, que, com seus apoios, definem quem terá chance ou não de representar Sergipe nas decisões nacionais. Sergipe é um estado bolsonarista? Creio que não. Mas o poder em Sergipe está na mão de quem é bolsonarista ou de quem se alia a esse pensamento por falta de compromisso ideológico ou sede de poder político e econômico.
Um exemplo desse mal vem do ex-comunista Edvaldo Nogueira (PDT). Edvaldo, que chegou à prefeitura sendo vice do PT, não apoiou Lula no primeiro turno de 2022 e ajudou a eleger Laércio Oliveira (PP) para o senado — um bolsonarista convicto.
Além da importância do eleitor estar atento ao perigo que o país corre nessa eleição, passou a hora da elite política do campo progressista retomar sua presença nas bases sociais e de oxigenar os espaços políticos. A esquerda sergipana tem passado, mas isso não garante futuro. É preciso construir alianças programáticas e fomentar que novas lideranças se formem para que Sergipe tenha um campo de esquerda forte e que estimule o povo a acreditar na construção de uma sociedade igualitária.