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Foto do escritorAndré Carvalho

Governo Lula: Governabilidade não pode ser desculpa para fortalecer projeto bolsonarista em Sergipe

Foto: Geraldo Magela

A virada nos rumos do país que representou a vitória de Lula (PT) em 2022 avivou a esperança de retomarmos a normalidade social e política. Para a esquerda, em especial, abriu uma janela de oportunidade para intensificar o diálogo e o crescimento político, entretanto, apesar dos avanços, há um acúmulo de frustrações políticas. 


A governabilidade no nosso sistema político requer que forças divergentes se unam em torno de um governo. Foi assim em todos os governos recentes. Entretanto, a busca pela governabilidade não pode se confundir, no governo Lula, com o fortalecimento de forças reacionárias. 


No primeiro turno de 2022, o PT obteve 48,43% dos votos para presidente e o PL 43,2%. Para deputado federal, a liderança de voto se inverte e o PL obteve 16,62% e o PT 12,09%. Dos 10 partidos com as maiores votações para deputado federal em 2022 (PL 16,62%, PT 12,09%, União Brasil 9,33, PP 7,94%,  PSD 7,58%, MDB 7,26%, Republicanos 6,59%, PSB 3,81%, PSOL 3,52% e PDT 3,50%), apenas 4 são de esquerda. Juntos, esses 10 partidos somam 78,02% dos votos válidos para o cargo, sendo 55,32% dos votos da direita e apenas 22,92% da esquerda.


Os números falam por si sobre a necessidade de ter forças antagônicas num governo de esquerda, o que não é verdade num governo de direita. Logo, nos governos que o Brasil terá, as políticas que dele serão produzidas dificilmente mudarão as bases capitalistas ou esses devaneios que um setor extremista prega. Um governo de esquerda, como do PT, consegue, sim, avançar na melhoria da classe mais pobre, mas sem incomodar economicamente a elite. 


Atualmente, vemos no governo Lula a entrega de cargos às forças de direita — prática comum em todo o mundo, sendo mais forte em sistemas parlamentaristas. Entretanto, a entrega de cargos não parece ser suficiente para garantir apoio parlamentar, sendo recorrente a pressão dos parlamentares pela liberação de emendas para votar com o governo.


Em Sergipe, o governo Lula não tem conseguido representar um fortalecimento das forças de esquerda. Os dois principais espaços do governo federal foram entregues aos partidos dos maiores defensores de Bolsonaro (PL). As superintendências do Ministério da Saúde e da Codevasf, respectivamente para o PP de Laércio Oliveira e para o União Brasil de Rodrigo Valadares e André Moura. 


Enquanto a direita se fortalece, a esquerda sergipana passa por dificuldades. Partidos de esquerda, como o PSOL, não obtiveram nenhum espaço do governo federal no estado. A falta de espaço é presente nas reclamações de militantes de todas as correntes do PT em Sergipe, com exceção da Construindo um Novo Brasil, do ministro Márcio Macêdo. 


É importante que o governo Lula compreenda a diferença entre governabilidade e fortalecimento das forças contrárias ao seu projeto de país. É vexatório ver que a esquerda, que está na oposição local, encontra dificuldade em construir o governo que elegeu enquanto os bolsonaristas se beneficiam do espaço enquanto continuam a alimentar o bolsonarismo em Sergipe.



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