A grandeza de Marina Silva escancara a pequenez de um Senado que afronta o meio ambiente
- André Carvalho
- há 1 dia
- 2 min de leitura

Marina Silva (REDE), ministra do Meio Ambiente, foi à Comissão de Infraestrutura do Senado Federal para participar, na condição de convidada, de um debate acerca da pavimentação da BR-319, que liga Manaus a Porto Velho. O evento, no entanto, se revelou uma verdadeira sessão de ataques à ministra.
Na última terça-feira, 27, o Brasil assistiu a um grupo de senadores desmoralizados por sua própria atuação deferindo ataques vis àquela que, no Brasil, representa, em sua história de vida e luta, a defesa do meio ambiente. O mesmo Senado que, na semana passada, aprovou um projeto de lei que visa acabar com o licenciamento ambiental no Brasil — guiando o país na contramão do que é necessário para a construção de um ecossistema equilibrado — se sentiu vestido de integridade moral para atacar a maior referência brasileira do socioambientalismo.
Dos algozes de Marina, destacaram-se alguns, como Omar Aziz (PSD), que ganhou notoriedade nacional pela atuação durante a CPI da Covid-19, mas que, nesse episódio, demonstrou que sua preocupação com a preservação da vida humana não percorre longo espaço.
Provando que, de onde menos se espera, menos vem, o presidente da sessão, o bolsonarista Marcos Rogério (PL), conduziu os trabalhos cerceando constantemente o direito de fala da ministra e mantendo com ela uma postura indigna, chegando a dizer que Marina deveria “se pôr no seu lugar”.
Após resistir a episódios sucessivos de ofensas, a ministra decidiu se retirar da sessão quando o senador Plínio Valério (PSDB) afirmou que ela “não merecia o respeito dos senadores”. O opaco senador já havia atacado Marina em outras ocasiões. Em março, disparou: “Imagina vocês, o que é ficar com a Marina 6 horas e 10 minutos sem ter vontade de enforcá-la?”.
Durante a sessão, apenas Eliziane Gama (PSD) e Rogério Carvalho (PT) saíram em defesa de Marina.
É revoltante que um Senado desmoralizado para falar de meio ambiente se sinta confortável em agredir publicamente uma mulher, ministra, reconhecida mundialmente como referência na construção de soluções para os desafios socioambientais. Ao se curvar para golpistas, como ocorreu durante a CPI das Bets, e lançar ataques a uma política como Marina, os senadores não perceberam que quem saiu pequeno foram eles — que pequenos chegaram à sessão. Nesse episódio, Marina Silva reforça sua grandeza pela coragem de enfrentar a misoginia e defender o meio ambiente na política, duas pautas que só pessoas resilientes conseguem suportar.
Comments