
O deputado estadual Luizão Donatrampi (União Brasil) alardeou por todo o estado de Sergipe que havia sido convidado para a posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A notícia causou surpresa e gerou questionamentos sobre como o presidente estadunidense poderia lembrar-se de Luizão — ou sequer ter ouvido falar dele. A realidade, no entanto, foi bem diferente: Luizão não foi convidado, mas apenas se inscreveu para participar do evento e conseguiu garantir uma vaga.
Diferentemente de alguns políticos brasileiros, como os membros da família do inelegível ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Luizão não recebeu um convite formal para a posse ou para os tradicionais bailes oficiais. Na verdade, ele, ou algum assessor, acessou o site oficial da organização do evento, “The Inauguration of President Donald Trump”, preencheu um formulário e recebeu um e-mail automático de confirmação do endereço “contact@mail.t47inaugural.com”. A inscrição, vale destacar, não incluía acesso aos bailes exclusivos oferecidos durante a cerimônia e poderia ser feita por qualquer pessoa interessada em ir.
Modelo apresentado pelo deputado é, apenas, resposta automática. Assim como ele, diversos brasileiros que se inscreveram obtiveram a mesma autorização para participar do evento.
Além de ser embaraçoso anunciar publicamente um “convite” para algo em que se inscreveu por iniciativa própria, Luizão, que homenageia o político estadunidense em seu nome artístico, deixou o Brasil para aplaudir alguém que frequentemente demonstra desprezo pelo país e pelos brasileiros. Durante seu mandato, Donald Trump fez declarações desdenhosas sobre o Brasil, chegou a perseguir brasileiros que vivem nos Estados Unidos. Recentemente, ignorou que temos uma balança comercial equilibrada entre os dois países ao afirmar que o Brasil precisa mais daquele país do que eles de nós.
“Eles [Brasil] precisam de nós muito mais do que nós precisamos deles. Nós não precisamos deles. Todos precisam de nós”, afirmou Trump.
Mesmo assim, Luizão, que se diz patriota, orgulhou-se de sua viagem, se limitado a observar, à distância, aquele que inspirou seu pseudônimo político. Para Sergipe, resta apenas o constrangimento de ter um deputado estadual que, em vez de atuar em prol da população, dedica-se a excentricidades como essa e a votar em tudo o que o governador quer, sem se preocupar se beneficiará o povo ou não.