
Iran Barbosa (PSOL) retorna à Câmara Municipal de Aracaju em meio à ascensão da direita no cenário político de Sergipe e da capital. Em entrevista ao Sergipense, ele analisa os desafios enfrentados pela esquerda, destacando a necessidade de um debate qualificado e pedagógico para esclarecer à população as diferenças entre os projetos defendidos pela esquerda e pela direita.
A entrevista foi dividida em duas partes. Na primeira, Iran analisa o cenário político atual, as condições do magistério e sua relação com a prefeitura de Aracaju, sob a administração de Emília Corrêa (PL). Já na segunda parte, ele aborda o desempenho eleitoral e o planejamento do PSOL para 2026, além da representação do magistério na política e seu futuro político.
Parte 1
Durante a entrevista, o vereador Iran Barbosa destacou os desafios do atual cenário, marcado pela ascensão da direita. Para ele, é fundamental construir um debate pedagógico que esclareça à população as diferenças entre os projetos de esquerda e de direita. “Nós [a esquerda] temos um projeto democrático-popular. O nosso projeto é um projeto que visa atender às necessidades da população numa linha de respeito aos direitos, às garantias fundamentais, individuais e coletivas, que não é o caminho seguido pela direita”, afirmou.
Segundo o psolista, a disputa política se tornou ainda mais difícil porque deixou de girar em torno de concepções de Estado e passou a ser dominada por uma polarização brutal e desqualificada, permeada por desinformação.“Estamos lutando para que as pessoas, ao debaterem suas ideias, elas sejam pelo menos honestas no debate, apresentem argumentos que não sejam calcados em mentiras”, ponderou o vereador.
Ao ser questionado sobre sua expectativa em relação à prefeita Emília Corrêa, Iran lembrou que, embora tenham divergências ideológicas profundas, sempre manteve uma relação cordial com ela quando ambos eram vereadores. Reafirmando seu papel de oposição, ele diz torcer para que a prefeita faça uma boa administração pelo bem da cidade.
Sobre as prioridades do mandato, o vereador destacou que seu gabinete elaborou um planejamento para os quatro anos de legislatura, com foco em direitos humanos, educação, meio ambiente, seguridade social e organização da classe trabalhadora. Ele enfatizou que já iniciou a apresentação de proposituras, a promoção de debates e o diálogo com comunidades e entidades sociais.
Ao abordar os desafios do magistério municipal, Iran foi enfático ao afirmar que a categoria enfrenta falta de respeito e valorização. “É muito bom você querer dizer como é que a escola vai funcionar e nunca ter seu filho lá estudando, né?! Nunca ter trabalhado lá. Então, quem está lá cumprindo o dia a dia, quem usa, quem faz a escola, que tem que falar”, desabafou o professor sobre o assédio de políticos extremistas sobre os debates acerca do funcionamento das escolas.
André Carvalho (A.C.) Iran, seu retorno à Câmara de Aracaju se dá num momento crítico, de nova ascensão da direita em Sergipe e, especialmente, em Aracaju. Como o senhor analisa esse cenário?
Iran Barbosa (I.B.) Eu avalio como um cenário desafiador, um cenário que exige de nós, que defendemos propostas alinhadas com o campo da esquerda, que estejamos muito atentos, organizados e, sobretudo, preparados para fazer o debate. Defendo que o debate seja um debate qualificado, de enfrentamento, mostrando a população de forma educativa, pedagógica, qual é a diferença entre o modelo que a direita, a extrema-direita, defende para o funcionamento do Estado e o modelo que nós, no campo da esquerda, defendemos. Fazendo esse debate nesse nível, eu acho que nós conseguimos, pedagogicamente, mostrar a população a diferença.
Inclusive, porque nós temos exemplos concretos do que acontece com a maioria da população quando o campo de direita e de extrema-direita está à frente do Estado e o que é que acontece quando a esquerda está. Ora, a esquerda tem seus problemas! A gente aqui não está querendo dizer que a esquerda é panaceia que resolve tudo magicamente. Tem problema, mas tem uma coisa que nos diferencia: nós temos um projeto democrático-popular. O nosso projeto é um projeto que visa atender às necessidades da população numa linha de respeito aos direitos, às garantias fundamentais, individuais e coletivas, que não é o caminho seguido pela direita. Inclusive, porque o objetivo dela não é atender às necessidades do conjunto da população. É de continuar atendendo a nichos muito específicos e nós não concordamos com isso.
Então, acho que é desafiador o momento e precisamos estar preparados. Como sempre estivemos, porque, vamos também lembrar, a gente enfrenta a direita há muito tempo. A gente enfrentou, eu não peguei o auge da ditadura, mas a gente enfrentou naquela fase final da ditadura militar no Brasil, de luta pela democracia. A gente enfrentou aquele momento com muita altivez, a gente enfrentou na década de noventa a tentativa da direita de impor aqui um projeto neoliberal sem limites. Nós inclusive os derrotamos. E aqui em Aracaju nós já enfrentamos também, em outros momentos, a direita organizada, governando a cidade, e nós colocamos para população qual é a nossa proposta. Vamos continuar fazendo isso
(A.C.) Apesar de o mandato estar apenas iniciando, já deu para sentir como será a relação com a prefeita Emília?
(I.B.) O meu mandato tá começando, o dela está começando, eu tenho aqui que dizer o seguinte: eu não conheço Emília agora como administradora, nós somos contemporâneos na Câmara Municipal — em outro mandato. Ela era vereadora e eu também. Sempre tivemos uma relação muito respeitosa, muito cordial, evidentemente, com ideias muito diferentes, algumas vezes divergentes, onde nos enfrentamos em termos de defesa de propostas, mas sempre de uma forma muito cordial, de uma forma respeitosa. Aliás, como exige o trato em qualquer relação civilizada, sobretudo quando você representa o povo, você tem que garantir a manutenção de um nível de qualidade de relação que as pessoas que se sentem representadas por você, não se sintam envergonhadas.
Então, como tá começando também o mandato dela, eu não posso fazer ainda uma avaliação de como será. Mas eu já tive, por exemplo, uma audiência com a secretária de meio ambiente, com quem tive tratativas muito interessantes, fui muito bem acolhido. Estabelecemos uma relação para que o mandato e a secretaria possam estar dialogando em função das necessidades cidade. Espero que essa seja a tônica. Já participei de outros momentos acompanhando debates, por exemplo, eu fui dar uma entrevista e o presidente da EMSURB estava lá. Tivemos tratativas rápidas no intervalo e muito respeitosas, estou pedindo audiência com outros secretários e espero que com a prefeita a relação seja muito boa. Quando falo muito boa é nos termos que a democracia exige, de respeito mútuo.
Quero dizer que estarei lá fazendo oposição, porque foi para isso que a população me elegeu. Agora, ser oposição não significa torcer para que ela [Emília] faça uma péssima administração, porque isso é ruim para cidade. Agora, nós temos formas diferentes de entender o mundo. Isso vai nos colocar em algum momento em posições divergentes. E eu vou saber tratar a divergência. Espero que ela saiba também fazer isso. É o que a população espera tanto dela quanto de mim.
(A.C.) A sociedade modificou bastante de quando o senhor foi eleito para o mandato de vereador pela primeira vez para essa. O que mudou no comportamento do eleitorado nesses 20 anos, e como isso impacta o trabalho da esquerda em Aracaju?
(I.B.) Olha, sim, teve mudanças perceptíveis. O eleitorado acompanhou, na verdade, uma mudança que nós estamos vendo na sociedade como um todo, porque o eleitorado não é uma bolha, digamos assim, isolada do conjunto da sociedade. Na verdade, o eleitorado é parte integrante da sociedade. Como as relações mudaram bastante nesses vinte anos, desde a forma de nós nos comunicarmos, passando pelos projetos que estão em disputa… eu sou de um tempo em que a grande disputa que existia era podermos avançar nas pautas da classe trabalhadora, nós estávamos num processo de conquistas, de avanços. Enquanto isso, tinha um outro lado que defendia barrar esses avanços e, inclusive, retrocedê-los.
Eu sou de um tempo em que a grande disputa política se dava em função de concepção de Estado. Alguns que defendiam que o estado tinha que assegurar, como é o nosso caso da esquerda, tem que ser responsável por assegurar a macropolítica, as políticas públicas que interessam a população e um outro setor mais à direita que defendia que o Estado tem que ser Estado mínimo, mas Estado mínimo para atender a população e Estado máximo para atender as necessidades da elite. Nós sempre fizemos esse confronto. Então, eu eu venho de uma matriz de disputa política dentro um espectro partidário, que era muito embasado nisso.
Hoje, você sabe que mudou. Houve um rebaixamento na luta política. Hoje nós estamos lutando para garantir a manutenção da democracia, porque vivemos a todo tempo sob a ameaça de um golpe. Estamos lutando para que as pessoas, ao debaterem suas ideias, elas sejam pelo menos honestas no debate, apresentem argumentos que não sejam calcados em mentiras, em falsidades, em distorções, isso evidentemente faz um rebaixamento muito grande. Então, houve um rebaixamento na macropolítica que nós temos na sociedade e isso também se fez refletir no eleitorado. O que gerou uma polarização, e eu quero dizer que a polarização em si ela não tem nenhum problema, mas é uma polarização que tira do foco o grande debate.
Por exemplo, nós estávamos ontem [13 de fevereiro] na Câmara Municipal com foco no debate sobre o modelo de escola que nem tem previsão na legislação, que é o modelo militar. Não existe em nenhum arcabouço jurídico nacional, que trata da educação, a previsão desse modelo. Estamos chamando modelo, mas dessa ficção escolar. Nós estávamos discutindo isso, quando, na verdade, qual é o grande foco que tem que ser debatido no meu ponto de vista, que interessa ao povo? Não é isso. Tem que ser debatido é que, por exemplo: as mães que precisam de creche nessa cidade não têm; as crianças que estão buscando matrícula na Escola Municipal estão tendo negação para isso; as crianças que são pessoas com deficiência, que procuram a escola pública dentro de um modelo de educação inclusiva, elas não são assistidas. O município tem tratado isso como um depósito de crianças e não como uma escola que, de verdade, inclua e que possa atender adequadamente essas crianças dentro de um modelo. Então, nós temos que debater essas coisas porque é isso que está afetando diretamente a população.
Nós não podemos é pegar os problemas que tem sido criado pelo abandono da educação, pela privatização da educação. E eu quero lembrar que um dos grandes problemas que a educação enfrenta, como de resto todo o serviço público nesse município, é que nós tivemos um processo de privatização da administração municipal. Para falarmos agora de administração pública municipal, temos que tomar muito cuidado, porque ela virou administração privada que está entregando todos os serviços. Pode fazer um levantamento, a maior parte dos serviços oferecidos pela administração de Aracaju à população está nas mãos do setor privado. Então, houve uma privatização e os problemas que nós temos aí tem a ver com este modelo também. Por exemplo, nas escolas, você não tem cuidadores, mediadores, que lidem bem com essa questão, porque eles são muitas vezes contratados precariamente, sem a formação necessária e agora nem tem mais.
Então, são esses problemas que nós temos que discutir, mas ficam criando falsos temas para se debater na educação, ideologizando um debate que tem que ser feito com base na realidade. Quais são os problemas? E eu quero trazer o foco disso para cá. Por exemplo, eu gostaria de ver as pessoas responderem sobre questões importantes como essas que levantei e outras. Há andas o plano municipal de educação? Qual é a avaliação que a atual gestão tem, encontrou, e já faz da execução do plano municipal da educação? Esse sim é um instrumento para o estabelecimento da política municipal da educação. Mas pergunte se as pessoas estão falando aí em escola cívico militar sabe qual é, dentro do ordenamento jurídico nacional, o modelo de estrutura e de funcionamento de uma escola? Não sabe! Se soubesse não faria essa proposta.
Há uma desvirtuação do foco e esse é um dos problemas que também atinge o eleitorado, que termina sendo influenciado por uma visão de mundo que é mais fictícia do que real. Você cria falsos problemas para que as pessoas esqueçam dos verdadeiros problemas. Então, aquela mesma pessoa que está reclamando que não consegue matricular seu filho na escola, que a alimentação escolar que está sendo oferecida não é adequada, que o prédio foi derrubado e não foi reformado, que não tem creche, que não cuidador, que não tem professor suficiente… essas mesmas pessoas terminam sendo levadas a otimizar um debate que foge dessa realidade. Porque aí elas esquecem e não cobram isso, passam a debater um tema que está completamente distante do que é são as verdadeiras questões da educação
Eu acho que esse é um dos grandes problemas, é você hoje ter a contaminação da discussão pública, do debate público, do levantamento dos problemas que a população enfrenta, permeado por discursos que não são reais, não são factíveis, mas são “instagramáveis”. Então são pautas criadas para que as pessoas possam viralizar, possam ter curtidas em suas redes, mas que não resolvem efetivamente o problema do povo.
(A.C.) Quais pautas prioritárias para o primeiro ano do mandato?
(I.B.)Nós fizemos agora no mês de janeiro, entre outras coisas, o macroplanejamento do nosso mandato. Eu chamo de macroplanejamento, que foi um planejamento para o conjunto dos quatro anos e nós definimos aí algumas coisas importantes. Por exemplo, nós definimos qual é o nosso objetivo estratégico, quais são as principais táticas que temos a perseguir. Definimos quais são as principais áreas de atuação que o mandato deve, durante esses quatro anos, estar presente e os temas que nos quais cada uma dessa área de atuação se subdivide e elas não foram muito diferentes do que nós já vínhamos construindo. Como grandes áreas para atuação, nós temos direitos humanos, educação, meio ambiente, seguridade social… temos aí como um grande tema também, evidentemente, a organização da classe trabalhadora e os direitos dessa classe trabalhadora.
Então, são pautas que estiveram sempre presentes na nossa ação e que tem a ver com o diálogo que eu sempre faço com o povo quando vou pedir voto. A gente agora vai transformar aquilo que me trouxe até a Câmara, através dos votos que me trouxeram até aqui, em plano de trabalho. Foi o que fizemos também recentemente, nós fizemos um ato, um planejamento e fizemos o plano de trabalho para 2025. Esse plano de trabalho está baseado nesse macroplanejamento, que nós já concluímos. Tem ainda uma partezinha ou outra para fechar, mas é em cima disso que nós estamos trabalhando. E já começamos, por exemplo, o mandato já tem muitas proposituras apresentadas, o mandato já fez uma sessão especial para debater o tema ambiental, o mandato já tem uma programação de outras ações, o mandato tem estado presente nas comunidades e nas entidades que organizam o povo, em função desse planejamento. Então essas são as grandes áreas divididas em vários temas e nós vamos continuar trabalhando como sempre fizemos trabalho é muito.
(A.C.) Pensando na classe que o senhor representa, quais são os principais desafios enfrentados pelo magistério municipal de Aracaju?
(I.B.)O primeiro deles é ser respeitado e valorizado como categoria. Nós temos sofrido um processo de desrespeito, de ataque ao que nós chamamos de valorização profissional. Porque, o que é que é a valorização profissional? Valorização profissional é um princípio, as pessoas às vezes falam nisso sem compreender o que está dentro dela. Inclusive, pessoas que não defendem a valorização falam porque é bonito falar. Mas quando você fala de valorização, você tem que tratar da formação dos profissionais, você tem que falar das condições de carreira desses profissionais e a do magistério tem sido aviltada, agredida, desmontada, é uma carreira desmontada, não só em Aracaju, mas em muitos lugares. Inclusive, em desrespeito ao que prevê a legislação, porque desde a Constituição, passando pelas normas educacionais, a carreira é um instrumento de valorização do trabalhador que tem que ser construída.
Além das condições de formação, das condições de carreira, vem também as condições de trabalho que é grande problema. As condições salariais, evidentemente, onde se tem negado inclusive o direito ao piso salarial na carreira como manda a legislação. Então, eu acho que essa é uma primeira coisa que a gente tem que enfrentar: o respeito à valorização do magistério.
A segunda coisa, nós temos que ter um plano de educação que atenda às necessidades do povo, isso é um grande desafio para nós educadores. Nós não podemos ter aventureiros dizendo como é que a escola deve funcionar, qual é o modelo de educação. Por que as pessoas se sentem autorizadas sem nunca ter estudado, sem nunca ter lido, sem nunca ter botado um pé numa escola para saber como é que ela funciona e como ela se estrutura, se setem à vontade para dizer como é que ela deve funcionar? Não é assim! A comunidade escolar tem essa autoridade e ela tem que ser ouvida, por isso, a gente defende a gestão democrática. Nós temos teóricos no campo da pedagogia que fundamentam nossas ações e são eles que têm que estar em debate conosco, mas não as ideias que surgem.
Então, é preciso ter um plano municipal de educação que seja democrático, participativo, onde você garanta à população o direito de se manifestar, mas a população que usa e que faz a escola pública. É muito bom você querer dizer como é que a escola vai funcionar e nunca ter seu filho lá estudando, né?! Nunca ter trabalhado lá. Então, quem está lá cumprindo o dia a dia, quem usa, quem faz a escola, que tem que falar. Não é que os outros não possam falar, evidentemente que podem.
Eu fico me perguntando às vezes: nós temos um grande respeito pelo trabalho dos demais profissionais, mas ninguém se acha suficientemente habilitado para chegar no momento de uma cirurgia e dizer ao médico como é que ele deve operar, não é?! Ninguém se acha devidamente habilitado para chegar na hora do momento de uma construção de um prédio e dizer ao engenheiro qual é o cálculo que ele tem que fazer, o cálculo estrutural que ele deve proceder, porque as pessoas entendem, e tá correto, que devem respeitar a formação profissional que o médico teve, a formação profissional que o engenheiro teve. Agora, todo mundo se acha suficientemente capaz de chegar na escola e dizer o que o professor deve fazer? Ora!
Eu quero exigir aqui a minha autoridade de docente. Professor tem uma autoridade que tem que ser reconhecida e respeitada. Esse é um problema. O município precisa enfrentaria isso. E nós vamos enfrentar toda proposta que seja uma linha de descaracterizar autoridade docente. E espero que a prefeitura municipal de Aracaju, através da sua administração, saiba compreender isso.
Tem outras coisas muito sérias na educação que a gente enfrenta. Algumas delas eu já citei naquela minha primeira parte da entrevista. Tem a ver com financiamento. Nós, apesar de todo mundo dizer, e hoje estarem debatendo inclusive a desvinculação dos recursos constitucionais para financiar a educação, é preciso que se diga que o dinheiro que nós temos para educação funcional ainda não é suficiente, é preciso garantir que o que temos vinculado chegue, e chegue de forma adequada, sem ser desviado de forma alguma, como já aconteceu em outros momentos. Que o dinheiro da educação também seja ampliado, porque esse é um investimento.
Nenhum país do mundo conseguiu superar dificuldades maiores sem investir recursos massivos na educação. Precisamos compreender isso. Então, são muitos os problemas e temos os problemas do cotidiano, que aí se você for ouvir os professores, nossa categoria está adoecendo. A sociedade está desistindo de integrar o magistério por conta de todos esses problemas. É muito desafiador.
Toda a complexidade que a sociedade vive hoje, ela se faz reverberar dentro da escola. E o professor, a professora, o gestor, o funcionário da escola, tem que estar preparado para lidar com isso. Por isso, eles têm que ser profissionais. Com isso eles têm que estar vinculados a um projeto pedagógico, não a cada dois anos sendo substituído por outro porque isso não cria vínculo com o projeto da escola, e os gestores precisam compreender isso. Eles não podem tratar a escola apenas do ponto de vista gerencial. A escola é um espaço de relação humana muito profunda, que isso tem que ser compreendido. Tem muito desafio nesse campo, pretendemos ajudar a debater tudo isso e encontrar alternativas também.
