Emília Corrêa amplia presença do "sistemão" das organizações sociais introduzido por Edvaldo Nogueira
- André Carvalho

- há 3 dias
- 2 min de leitura

Emília Corrêa (Rep) passou a campanha de 2024 repetindo que iria enfrentar o “sistemão”. Dizia também que romperia com o modelo das organizações sociais, um mecanismo que, ao longo dos anos, só ampliou o poder de empresários sobre serviços essenciais e precarizou ainda mais o trabalho dos servidores públicos. Hoje, amplia o espaço da terceirização em sua gestão.
Funcionária pública aposentada, Emília chegou ao governo com o apoio de diversos sindicatos. Esses trabalhadores, desgastados pelos anos de Edvaldo Nogueira (PDT), viram na nova prefeita a chance de recuperar direitos, estancar a precarização e retomar a valorização dos profissionais que mantêm a máquina pública funcionando. Mas, passada a eleição, o discurso ficou para trás. A prefeita que dizia enfrentar o sistemão não só deixou de combatê-lo como parece cada vez mais confortável dentro dele.
Os postinhos — as nossas UBSs —, a maternidade, UPA, e áreas como assistência social, saúde e educação estão sendo entregues aos empresários, sendo sucateadas por terceirizações enquanto concurso público vira exceção. Emília sabe a importância de profissionais concursados gerindo a coisa pública, mas parece ter optado por um sistema que facilita, dentre outras coisas, conseguir o apoio dos vereadores com a indicação de contratados.
Um exemplo deixa claro o impacto dessa escolha é o atendimento psicológico. Uma área que exige vínculo, tempo e constância. Uma troca brusca de profissional pode fazer um tratamento regredir meses. Com a alta rotatividade típica das OSs, o prejuízo recai sobre quem mais precisa de acompanhamento contínuo.
Hoje, o governo de Emília Corrêa se parece menos com a ruptura prometida e mais com uma continuidade da gestão Edvaldo Nogueira, que institucionalizou a proliferação das organizações sociais em Aracaju. A prefeita não demonstra coragem, interesse ou força política para romper com esse modelo. Ao contrário, a cada nova terceirização, reforça o sistema que dizia enfrentar.
Se Emília quiser provar que o seu jeito é outro jeito, não será mantendo serviços essenciais nas mãos de empresários que conseguirá fazê-lo. O que se vê, até agora, é uma administração que prometeu tirar o sistemão, mas que acabou fortalecendo exatamente aquilo que dizia combater.






Comentários