Lula demite Márcio Macêdo, ex-ministro que processou militantes do grupo de esquerda Expressão Sergipana
- André Carvalho
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Na noite desta segunda-feira, 20, Márcio Macêdo (PT) foi demitido pelo presidente Lula (PT) para dar espaço à nomeação de Guilherme Boulos (PSOL). A troca visa o fortalecimento do governo petista através da substituição de um ministro apontado como ineficiente na relação com os movimentos sociais por um político que tem seu nome intrinsecamente ligado a esse campo de atuação política.
Márcio fora nomeado ministro da Secretaria-Geral da Presidência por Lula no início do seu terceiro governo. Com a nomeação de um político com atuação em Sergipe, era esperado que atuasse para fortalecer o campo de esquerda e os movimentos sociais no estado, porém, sua passagem foi marcada pelo movimento oposto.
Dedicou-se, em Brasília, a defender os interesses do governador Fábio Mitidieri (PSD) — ignorando que o PT se opôs ao projeto do PSD — e se negou, assim como Eliane Aquino (PT), a exercer resistência ao processo de sucateamento do estado promovido pela visão neoliberal de Mitidieri.
Um grande político torna gigantes os espaços que assume, mesmo sob adversidade, justamente o oposto do que ocorreu no caso de Macêdo.
Nacionalmente, Márcio será lembrado pelas chamadas públicas que recebeu de Lula e pela frase “uma pincelada branca numa parede branca”, que a jornalista Natuza Nery usou em algumas ocasiões para descrever a atuação do, agora, ex-ministro. Em Sergipe, será lembrado como o ministro que processou militantes de esquerda.
Márcio recorre num processo contra membros do Expressão Sergipana, um grupo de nobres militantes de esquerda, por denunciar a interferência do petista contra a indicação de uma sergipana para um cargo de destaque na esfera nacional. Tendo saído derrotado em todas as instâncias, ainda apela ao STF.
Já escrevi que é fácil criticar Márcio em sua atuação enquanto ministro, mas difícil mesmo é defendê-lo. Após ver seu grupo perder, com míseros 20%, as eleições internas do PT de Sergipe e de Aracaju, agora perde o cargo ao qual se agarrava para ter relevância política — que nunca soube usar — e sai dele politicamente menor do que entrou. Agora, os movimentos sociais ganharam um ministro que parece ter maior vocação para a função. Ganha o Brasil!