Na última sexta-feira, 15, o senador Rogério Carvalho (PT) convidou alguns nomes da comunicação política sergipana para um almoço. O objetivo do encontro foi apresentar alguns dados do seu mandato e, principalmente, bater um papo com os comunicadores.
Além dos feitos de seu mandato, que tem tido uma linha ascendente no senado brasileiro, o petista debateu alguns pontos das movimentações políticas que envolvem seu partido. É notório que, apesar da vontade em ser e fazer oposição, Rogério evita embates diretos com o correligionário Márcio Macêdo (PT), no qual não encontra o mesmo desejo em ser oposição ao governo da direita sergipana.
Questionado enfaticamente, Rogério pontuou que não disputará nada internamente com Márcio, visto que não será candidato a nada em 2024. A existência do vento não se nega ao falar que não é possível vê-lo, nesse sentido, a negativa de Rogério de que ambos disputam rumos distintos para o partido não vai além de uma tentativa de manter uma elegância pública entre os dois líderes.
Essa é uma postura adotada por boa parte dos petistas influentes e corresponde a um esforço justo de manter vivo o discurso de que o PT briga, mas, no fim, dança sob o mesmo toque. Entretanto, a perspectiva dos petistas não precisa ser adotada por quem quer compreender os fenômenos políticos, com o risco de ver turvo o que nítido está.
O posicionamento de Rogério é diretamente conflitante com o de Márcio, e não pode ser confundido, na conjuntura atual, com uma disputa apenas de poder, é uma disputa entre um PT que quer liderar e um que quer ser liderado, adormecido no colo do poder. Sabendo disso, o senador mandou um recado claro: caso seu projeto ao Executivo seja fragilizado, disputará o senado, pois, é uma prerrogativa que o PT lhe garante.
O recado óbvio precisou ser dito aos olhos turvos de companheiros que com os rivais comem e bebem. Talvez o amadorismo das movimentações que envolveram o PSB serviu de alerta para que, mesmo com o risco de parecer redundante, o óbvio precisa ser dito: caso Márcio Macêdo queira ser candidato ao senado, precisa que Rogério dispute o governo e abra mão da reeleição.
Ignorando o esforço elegante do senador em manter embates mornos com seus correligionários, é nítido que a paciência tem chegado ao fim com aqueles que sentam no mesmo barco, recusam-se a remar e ainda buscam furar o furá-lo. Resta ver se estes cairão em si a tempo de tentar recuperar a confiança de um eleitor de esquerda que olha com desconfiança para as duas rezas que no PT hoje se escuta.