Se a aliança entre PT e PSD se concretizar, Márcio Macêdo pode ser o primeiro a ser descartado pelo grupo governista
- André Carvalho
- há 25 minutos
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Márcio Macêdo (PT), desde a derrota do seu partido para o PSD na disputa ao governo de Sergipe em 2022, tem sido o maior entusiasta da aliança entre os grupos de Rogério Carvalho (PT) e Fábio Mitidieri (PSD). Sonhando com uma vaga ao Senado, o ministro tem ignorado que ele próprio pode ser o maior prejudicado caso essa aliança se concretize.
Hoje, para Fábio Mitidieri, Márcio tem uma função estratégica: enfraquecer a oposição de esquerda no estado — tarefa que vem cumprindo com dedicação. No entanto, se o PT se aliar formalmente ao governo, o papel de Márcio deixa de ser útil como instrumento de desmobilização da oposição e passa a ser medido por sua capacidade de agregar votos — algo que historicamente ele não entrega. Alimentando expectativas de concorrer ao Senado ou ser vice em 2026, o mais provável é que Márcio tenha que se contentar em disputar uma vaga na Alese, onde teria boas chances de vitória, ou arriscar mais uma candidatura a deputado federal e, novamente, ser superado por João Daniel (PT).
Ao dedicar-se a enfraquecer sistematicamente o próprio partido, Márcio reduziu o capital político do PT no estado. Caso ingresse no grupo governista, o PT só consegue garantir a candidatura de Rogério Carvalho à reeleição no Senado. A hipótese de o PT indicar o vice na chapa, que assumiria o governo caso Fábio concorra ao Senado em 2030, sequer é levada a sério.
Na prática, mesmo integrando a base aliada, é improvável que o PT conquiste protagonismo além de uma candidatura ao Senado. Fábio já sinalizou que seu nome preferido para o cargo é André Moura (União), deixando de lado figuras como Alessandro Vieira (MDB) e Edvaldo Nogueira (PDT), ambos pré-candidatos ao Senado em 2026 e com históricos eleitorais melhores do que o de Macêdo. Além deles, o grupo governista ainda conta com a família Andrade e Laércio Oliveira, que também disputam espaço e podem ser considerados para a vice.
Se Márcio Macêdo realmente deseja reconstruir sua trajetória política, sua estratégia tem sido desastrosa. Enfraqueceu a si e ao PT ao sabotar a oposição de esquerda, e insiste em uma aliança na qual sua relevância desaparece no exato momento em que ela se oficializa. Se fosse mais corajoso e estrategista, teria assumido a liderança da oposição, se lançado ao governo estadual e, mesmo com uma eventual derrota, manteria o PT vivo e competitivo para 2030, quando poderia enfrentar Fábio Mitidieri numa disputa ao Senado em condições de igualdade. Até aqui, sua atuação tem servido somente para desorganizar o jogo sem perceber que nada ganhou nesse caos.
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