Apesar do barulho de Rodrigo Valadares, dificilmente Jair Bolsonaro o elegerá senador em Sergipe
- André Carvalho
- há 2 horas
- 2 min de leitura

Um dos nomes com maior capacidade de produzir poluição sonora em Sergipe é o bolsonarista Rodrigo Valadares (União). Apesar de se evidenciar com frequência – geralmente em debates estéreis –, seu histórico eleitoral está longe de ser grandioso. Se, sozinho, Rodrigo ainda não mostrou força, seu padrinho, Jair Bolsonaro (PL), também não é conhecido por ser politicamente dominante no estado.
Em 2018, Rodrigo estreia na polÃtica eleitoral com o fomento de uma famÃlia rica e tradicional. Consegue 15 mil votos e, na 26ª posição, se elege deputado estadual – ainda com apoio de nomes de esquerda, como Márcio Macêdo. Já em 2020, percebendo um nicho na capital, mergulha no bolsonarismo e alcança 28 mil votos para prefeito de Aracaju, 9,55% do total. O desempenho foi significativo para um polÃtico pequeno e o colocou à frente de Márcio, seu antigo aliado.
Consolidado como um nome do bolsonarismo, conquista um mandato de deputado federal em 2022 com 49 mil votos. Não foi ruim, mas tampouco um fenômeno. Basta comparar: no mesmo pleito, nomes fraquÃssimos para o Senado, como Fábio Reis (PSD) e Gustinho Ribeiro (Republicanos), obtiveram 75 e 71 mil votos para deputado federal. Ou seja, mesmo vencendo duas eleições, os resultados de Rodrigo não sustentam a narrativa de robustez para uma disputa de Senado.
Já seu padrinho, Bolsonaro, que tende a estar preso no próximo ano, não tem histórico que assegure a eleição de um senador em Sergipe. Em 2018, fez 27,21% dos votos no primeiro turno (310 mil). Em 2022, subiu para 29% (378 mil). Se Rodrigo conseguisse 100% dessa votação, até poderia sonhar com a vaga. Mas isso, sabemos, não acontece.
Além disso, há um detalhe importante: boa parte dos eleitores de Bolsonaro não necessariamente vota em quem ele indica. Lula (PT) mesmo, que em 2022 teve 63% dos votos no primeiro turno em Sergipe, viu seu candidato ao Senado ficar em apenas 24%.
Mesmo sendo o nome mais próximo a Bolsonaro, Rodrigo não terá caminho livre no campo bolsonarista. Deverá disputar voto com figuras de maior lastro, como André Moura (União), Alessandro Vieira (MDB), Eduardo Amorim (PL) e AdaÃlton Souza (PL). Para ser competitivo, precisaria conquistar prefeitos no interior, justamente onde mais encontra dificuldade. Afinal, sua distância dos problemas reais de Sergipe e o fanatismo polÃtico o deixaram, até aqui, sem sequer meia dúzia de prefeitos dispostos a endossar sua empreitada.Â
Ou seja, para Bolsonaro emplacar um senador em Sergipe, o caminho teria de ser o de Laércio Oliveira (PP): esconder o fanatismo e apostar numa pré-campanha pragmática e oportunista. Só que, com o perfil de Rodrigo, sua pré-candidatura ao Senado mais parece um artifÃcio para turbinar a votação de deputado federal do que uma disputa real por uma das duas cadeiras disponÃveis em 2026.