Na sessão desta terça-feira, 4 de março, a Alese votou um pacote de projetos apresentados pelo governo do estado. Dentre os projetos, havia um que criou a Agência Sergipe de Desenvolvimento (DESENVOLVE-SE). A mais nova agência de Sergipe foi alvo de críticas do deputado estadual Marcos Oliveira, PL.
Segundo o parlamentar, ainda não foi possível saber quantos e quais cargos serão gerados, o que virá somente com a edição de decreto pelo governo do estado, mas chama atenção que o nome do seu responsável já era conhecido há meses. Estará a frente da agência o político Milton Andrade, do Cidadania, que foi candidato a vice-governador na chapa de Alessandro Vieira, PSDB, e parece ser o último grande nome daquele grupo a ganhar seu quinhão no governo Mitidieri.
A sensação, apresentada pelo parlamentar e que me parece correta, é de que o propósito da agência seja, principalmente, acomodar aliados e dar início a um plano de privatização de empresas e funções do Estado. Há algo que chama atenção no discurso do oposicionista, o mesmo governo que sugere não ter capacidade de gerir a Deso está autorizado, através da agência, a investir na bolsa de valores, fugindo do propósito daquilo para que servem os governos.
Caberá à DESENVOLVE-SE o gerenciamento das concessões públicas e das parcerias do governo com o setor privado, as famosas PPPs. Soa estranho haver a necessidade de uma agência neste sentido senão para que haja no governo um grande norte privatizador daquilo que é público. O próprio Milton Andrade comunga desse viés de descrédito do serviço público e supervalorização do setor privado.
O pensamento entreguista de conceder ao setor privado aquilo que é função do Estado foi rebatido pelo parlamentar, que alertou, por exemplo, que entregar a água ao mercado privado tem gerado aumento nos preços e diminuição na qualidade dos serviços em outros estados. O alerta, nutrido no diálogo que mantém com o SINDISAN, fala sobre um processo de sucateamento da Deso com riscos reais para os sergipanos.
Apelidada no discurso de Marcos de LIQUIDA SERGIPE, a autorização para a sua criação demandou a liberação de R$8 milhões em crédito especial. Acompanhando a inquietação de Marcos, Linda Brasil, PSOL, chamou atenção de que a CODISE, hoje, já atende aos propósitos da nova agência sustentada pelo dinheiro sergipano.
Apesar da sua força, o discurso de Marcos não foi rebatido pela base do governo. Apenas seu líder, Cristiano Cavalcante, UB, fez ponderações. A sensação que se tinha naquele plenário era de que pouco importava o que se votava, criava ou o que isso implicaria no futuro. Diante de uma oposição que se movimenta e fala, mas não possui tamanho para impedir o "tratoraço" governamental, a situação fica imóvel a assinar embaixo de tudo aquilo que o governo apresenta.