Entrada de Ricardo Marques no grupo da família Mitidieri ameaça os planos de Elber Batalha para 2026
- André Carvalho

- 16 de out.
- 3 min de leitura

Elber Batalha (PSB) tem visto com brilho nos olhos a possibilidade de ascender à Câmara Federal graças à pré-candidatura de Cláudio Mitidieri (PSB) ao mesmo cargo. Nos cálculos de Elber, Cláudio teria ampla votação e, além de tornar o PSB competitivo para uma segunda cadeira, ainda se licenciaria do mandato para continuar exercendo a função de secretário da Saúde. Entretanto, assim como ele, Ricardo Marques (Cidadania), também sonha com esse caminho e deve passar na frente do vereador.
Primeiro, vamos apresentar o contexto de competitividade do PSB: Cláudio Mitidieri é a principal aposta do partido; sua eleição é um compromisso firmado com a cúpula da sigla quando a família Mitidieri deu uma rasteira nos Valadares e tomou o comando do partido. Cláudio é competitivo porque, apesar de estar sucateando a saúde pública do estado por meio de Organizações Sociais — ou exatamente por isso —, possui uma vasta disponibilidade de órgãos e cargos para acomodar aliados, além da estrutura econômica e política que sua família lhe garante.
Além disso, Cláudio encontra em seu tio, Luiz Mitidieri (PSD), seu principal apoiador, e isso lhe dá confiança de vitória, visto que Luiz tem boa fama no ramo de fazer alianças no interior para garantir mandatos legislativos. Com isso, é consenso que o PSB terá facilmente uma vaga na Câmara por Sergipe, podendo chegar a conquistar duas.
Além de Cláudio, o PSB deverá lançar Anderson de Zé das Canas, ex-prefeito de Frei Paulo, e Elber Batalha como candidatos secundários. Nesse cenário, Elber acredita ter corpo para fazer frente a Anderson e conquistar a segunda vaga, caso o PSB tenha excelente votação, ou a primeira suplência, quando Cláudio se licenciar — contando com a reeleição de Fábio Mitidieri. Porém, Elber não deve receber grande apoio do grupo governista porque está imobilizado; caso saia do partido, perde o mandato. Logo, tem menos cartas para negociar estrutura.
Já Anderson ocupa um papel estratégico para Mitidieri porque uma vitória dele seria importante para o projeto do governador de ter um nome para fazer oposição a Valmir de Francisquinho (PL) em Itabaiana — Mitidieri já sinalizou que Anderson poderá ser seu candidato a prefeito na cidade em 2028. Somente nessa análise rápida, já se mostra que Anderson tem mais condições de barganhar uma estrutura mais atenciosa do que Elber.
Se já estava um clima difícil, porém superável, com bastante estratégia e disposição, a entrada de Ricardo Marques na chapa, através da federação entre o PSB e o Cidadania, pode inviabilizar os planos de Elber Batalha, em 2026, de competir para valer e deixar o papel de somente ajudar o partido a ter mais votos.
Emília Corrêa (PL) e Ricardo Marques estão se afastando porque cada um tem seu projeto político — enquanto Emília quer focar na sua gestão, Ricardo quer conquistar um mandato de deputado federal —, e nenhum dos dois vai renunciar a seus projetos para fazer escadinha para o outro. Logo, Ricardo está construindo seu discurso de rompimento de maneira silenciosa, quase vitimista, para ir para os braços do grupo Mitidieri sem muito desgaste.
Se Anderson já era estrategicamente mais interessante para os planos de Mitidieri, Ricardo é ainda mais, por representar um enfraquecimento do grupo que comanda o Executivo da capital e, também, o ator político com maior capacidade de desgastar Emília Corrêa a longo prazo. Enquanto Elber teria dificuldade em argumentar por estrutura, Ricardo tende a consegui-la com menos argumentos e obtendo maior generosidade.
Com as movimentações que tenho visto, Ricardo parece ter entendido que, no grupo em que está, dificilmente conseguirá estrutura para fazer frente a nomes como Ícaro de Valmir (PL), Thiago de Joaldo (PP), Rodrigo/Moana Valadares (União/PL) e André Davi (Rep) na disputa pela Câmara Federal, e teria que se contentar em disputar uma vaga na Alese. Dessa forma, não me surpreenderia se, caso a federação não se concretize, o político de centro-direita assinasse a ficha de filiação do PSB e se emocionasse ao ver seu nome anunciado como candidato ao som da Internacional Socialista na convenção do partido.






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