Governo Mitidieri desmontou prevenção em adutoras e não investiu em melhorias na DESO, denuncia sindicato
- André Carvalho
- há 2 dias
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Na tarde da última segunda-feira, 15, Central Única dos Trabalhadores de Sergipe emitiu nota sobre o desabastecimento de água sofrido pela região metropolitana de Aracaju em decorrência do rompimento de uma adutora. A nota expõe o sucateamento da Companhia de Saneamento de Sergipe (DESO) e a falta de conhecimento da Iguá Sergipe sobre o funcionamento da rede – o que agravou o desabastecimento.
A organização sindical se posicionou em defesa dos trabalhadores e trabalhadoras da DESO que sofrem com uma política de sucateamento que não findou quando da terceirização dos principais serviços da companhia. Sobre o episódio do rompimento, a nota revela que o governo Mitidieri desfez a equipe que atuava na manutenção das adutoras a fim de identificar e solucionar os problemas que nelas existissem de maneira preventiva.
Apesar de o sindicato que representa os funcionários da companhia, o SINDISAN, denunciar o equivoco, a decisão do governo Mitidieri em encerrar as atividades da equipe se deu em razão de redução de custos. Com isso, segundo o sindicato, a manutenção preventiva deu lugar a ações emergenciais que expõe a população ao constante risco de desabastecimento.
Além disso, o SINDISAN questiona o não uso dos recursos recebidos da Iguá Saneamento em razão da outorga de concessão. Conforme a organização sindical, a DESO já teria recebido R$ 362 milhões, cerca de 80% do valor devido, e não deu início aos investimentos de melhoria da estrutura para o tratamento de água. “Ao que se sabe, o montante recebido está “parado”, rendendo juros em aplicações no mercado financeiro”, diz a nota.
Ao final do posicionamento, a organização apontou que manobras poderiam ter sido feitas para mitigar o desabastecimento na Grande Aracaju, porém, essas manobras seriam de responsabilidade da Iguá Sergipe que, por desconhecer o sistema, não as fez de forma hábil e agravou a situação vivenciada pelos sergipanos.
Mesmo curta, a nota do sindicato – na íntegra abaixo – mostra que o sucateamento da Deso continua firme e forte, como denunciamos aqui no Sergipense há anos. A falta d’água que atingiu a Grande Aracaju não é acidente isolado, mas consequência direta do projeto de privatização do Estado levado por Fábio Mitidieri e do descaso do governador com algo que é fundamental para a vida da nossa gente sergipana.
Vidas secas e a crise de responsabilidade no abastecimento de água da grande Aracaju
Diante da recente situação de comprometimento do abastecimento de água na Grande Aracaju, em função da ruptura de um trecho da Adutora do São Francisco que abastece a região, a Central Única dos Trabalhadores de Sergipe (CUT-SE) vem a público lamentar o ocorrido, que mexeu com a vida da população da Região Metropolitana, e pontuar que:
• Essa situação não é de responsabilidade dos trabalhadores e trabalhadoras da DESO, mas de uma política de décadas de sucateamento da Companhia por parte de sucessivos governos, inclusive o atual, que deixaram de fazer os investimentos necessários para que problemas como esse fossem evitados ou mitigados. Há anos o SINDISAN, sindicato filiado a CUT-SE, denuncia essa situação de precarização das estruturas da Companhia;
• Na DESO existia uma equipe de manutenção especializada que percorria diariamente as adutoras para detectar problemas e corrigi-los em tempo, e essa equipe foi simplesmente desmobilizada – e o SINDISAN sempre denunciou esse equívoco – sob justificativa de que era dispendioso mantê-la. Passamos, então, da manutenção preventiva para os serviços corretivos, somente quando o problema estoura, como agora;
• O sindicato também vem denunciando que a DESO já recebeu da Iguá Saneamento cerca de R$ 362 milhões referentes a parte (80%) da outorga da concessão do saneamento do estado de Sergipe ao qual a Companhia tem direito. Entretanto, até o presente momento, a direção da DESO, que é indicada pelo governador Fábio Mitidieri, não utilizou esses recursos para melhorias nas unidades e em infraestrutura para melhorar a produção de água tratada, o que inclui a manutenção das adutoras de captação de água, como a do São Francisco. Ao que se sabe, o montante recebido está “parado”, rendendo juros em aplicações no mercado financeiro;
• Por fim, entendemos que parte do problema do abastecimento emergencial para mitigar a situação atual, que consiste em manobras e desvios de água tratada de outras adutoras, é de responsabilidade da Iguá Sergipe, que ainda desconhecendo o funcionamento de toda a rede, tem se equivocado nessas manobras, prejudicando ainda mais certas regiões da Grande Aracaju.
Seguiremos confiantes de que o problema com o trecho rompido da Adutora do São Francisco será solucionado o mais brevemente possível e o abastecimento da Grande Aracaju será regularizado, ao passo que seguiremos cobrando do Governo de Sergipe e da direção da DESO mais investimentos para melhorias nas unidades da Companhia e ampliação do sistema de captação e tratamento de água, bem como o retorno da equipe de manutenção preventiva das adutoras.
CENTRAL ÚNICA DOS TRABALHADORES DE SERGIPE (CUT-SE)
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