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Linda Brasil indica que buscará reeleição como deputada estadual e destaca coerência ideológica como marca do PSOL

  • Foto do escritor: André Carvalho
    André Carvalho
  • há 2 dias
  • 14 min de leitura


Foto: David Rodrigues
Foto: David Rodrigues

Natural de Santa Rosa de Lima, Linda Brasil se tornou a primeira parlamentar eleita pelo PSOL em Sergipe em 2020, quando conquistou o mandato de vereadora em Aracaju. Desde 2023, representa o PSOL na Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe, onde, atualmente, ocupa a liderança da oposição. Dentre as principais bandeiras políticas da parlamentar está a defesa dos direitos humanos e de pessoas LGBTQIA+. Mestra em educação pela Universidade Federal de Sergipe, Linda Brasil ganhou destaque nacionalmente por ser a primeira deputada estadual transsexual eleita em Sergipe. 


Durante a entrevista, Linda avaliou que o tamanho diminuto da oposição na ALESE dificulta o debate democrático e, aliado ao não pagamento de emendas parlamentares realizado pelo governo de Fábio Mitidieri (PSD), fragilizam a atuação da oposição. Apesar disso, afirma que a oposição segue combativa contra privatizações, terceirizações e ataques aos serviços públicos do governo neoliberal de Mitidieri.


Questionada acerca da sub-representação da esquerda no parlamento estadual, a deputada entende ser consequência das alianças históricas da esquerda com governos de direita e lamenta que isso torne seu mandato solitário na defesa de pautas de esquerda na ALESE. 


Para Linda, as próximas eleições precisam renovar esse quadro e defende que o PSOL construa uma frente de esquerda com o PT e demais partidos do campo progressista que estejam dispostos a construir um Sergipe plural e que respeite a classe trabalhadora. Durante a entrevista, rebateu o discurso de que a esquerda deveria subir no palanque de Mitidieri para fortalecer a reeleição do presidente Lula (PT): “Pelo contrário, fica uma queimação, um afundamento, tanto do PT como da esquerda no geral”. 


Em relação à eleição de 2026, acredita que o PSOL permanecerá em sua linha de ascensão no estado por ser um partido que não renuncia a sua coerência e que tende a atrair militantes descontentes com o pragmatismo de outras siglas de esquerda. Quanto aos seus planos eleitorais, sinaliza que deve buscar a reeleição ao mandato de deputada estadual por entender a importância desse mandato para o partido, porém, admite que o cenário pode mudar. Apesar de Linda demonstrar confiança na capacidade do PSOL disputar uma vaga na Câmara dos Deputados, ainda não há uma chapa que dê segurança para isso, tornando um risco a busca por esse novo espaço.


Sobre as disputas internas no PSOL, a parlamentar diz que o clima interno do PSOL melhorou após tensões recentes e que divergências são naturais, mas o partido segue unido em torno de princípios e na combatividade nacional e estadual. No balanço do mandato, destaca mais de 20 projetos aprovados, e o reconhecimento da população acerca de sua atuação. 


Ao longo da entrevista, a parlamentar demonstrou um olhar esperançoso quanto ao futuro do PSOL, porém realista sobre as limitações objetivas que o partido enfrenta. Ela avaliou disputas internas, perspectivas eleitorais, alianças, desafios e prioridades do mandato. A seguir, você confere a entrevista completa.

Foto: Divulgação Ascom
Foto: Divulgação Ascom

(A.C.) A senhora construiu sua trajetória política na oposição, tanto em Aracaju quanto no estado. Foi voz crítica aos governos de Edvaldo Nogueira e, agora, de Fábio Mitidieri. Observando de fora do parlamento, parece haver muito mais isolamento na oposição ao atual governador do que havia contra Edvaldo. A senhora compartilha dessa percepção? Está mais difícil?


(L.B.) Não é difícil. O que a gente vê é que, como deputada, a gente percebe aqui na ALESE que, pelo fato de ter um número expressivo de cerca de 20 deputados na base do governo, não há debates sobre pautas enviadas pelo governo. Muitas vezes, os projetos são enviados sempre em caráter de urgência. Não há prazo para debate, para articulações das pautas, então o debate fica atropelado. Não tem a possibilidade de fazer uma resistência.


Já na Câmara de Aracaju existia base, mas existia um grupo que ficava ali intermediário e, por esse grupo também fazer alguma pressão com o governo de Edvaldo, a gente conseguia travar e barrar certas situações. Porque, para alguns vereadores na época, era conveniente ter esse meio-termo. Aqui não. Não tem um grupo que faça uma resistência ao que o governo do estado envia aqui para a Casa ou faz com o nosso estado principalmente, o desmonte dos serviços públicos, esse projeto de privatização.


(A.C.) Quem acompanha as sessões da ALESE percebe a ausência de debate e a má vontade dos parlamentares para apreciarem emendas e projetos apresentados pela oposição. Além disso, a senhora e a bancada reclamam que o governador não executa as emendas desses mandatos. A senhora sente haver um boicote do grupo governista em relação aos parlamentares de oposição?


(L.B.) Não sei se é bem um boicote, mas é notório, principalmente na questão das emendas, que o governo alterou a legislação das emendas, dividindo em impositivas e não impositivas o valor que existia antes, isso para poder barganhar de alguma forma. Os deputados que são da base governista, o governo paga essas emendas e eu acho isso injusto e até ilegal. Porque uns deputados têm condições de destinar emendas maiores do que os que são da oposição — que ele não paga. Então houve essa mudança na legislação das emendas, que as dividiu. Antes era 1% do orçamento dividido por 24 deputados; agora ficou 0,5% impositiva e 0,5% não impositiva. As impositivas ele é obrigado a pagar, e as não impositivas só paga para a base governista.


Isso é muito complicado! O governo acaba escancarando o uso do dinheiro público, que já é escancarado com o “Sergipe é aqui”, usando como palanque para fazer discussão da chapa para o próximo ano. Isso é surreal o que está acontecendo! A gente, a oposição, já entrou com ação solicitando informação do pagamento dessas não impositivas e o porquê de não pagar, já que é um recurso público, e isso fortalece a atuação política de uns deputados que estão na base em detrimento dos da oposição.


Então, pelo sistema da ALESE, de como a política institucional é feita, acaba prejudicando quem não se rende às questões do governo, e isso acaba enfraquecendo. Mas, ao mesmo tempo, a gente, mesmo com número pequeno, está fazendo resistência, fazendo crítica a essas ilegalidades, essas formas de usar a máquina pública para fortalecer o agrupamento político do governo.


(A.C.) A ALESE tem 24 cadeiras, mas apenas duas são ocupadas por parlamentares de esquerda, e somente uma, a vaga que a senhora ocupa, está na oposição ao atual governador. Qual avaliação a senhora faz dessa sub-representação da esquerda no nosso parlamento estadual? E quais caminhos aponta para superarmos esse cenário?


(L.B.) O que a gente está vivendo é resultado de relações da esquerda com o campo da direita, neoliberal, que vem há alguns anos, desde quando o PT saiu junto de governos como o de Belivaldo. Isso, de uma certa forma, enfraqueceu a esquerda porque estava fazendo parte de um governo, e pautas importantes da esquerda não eram prioridades do governo. Isso é muito prejudicial. Então, hoje, a gente tem um resultado de uma ALESE que, mesmo com parlamentares que sejam dessa linha mais progressista, que estão ligados à questão da justiça social e da defesa dos direitos da classe trabalhadora, ainda continuam ligados a esse projeto político, e isso faz com que a gente tenha poucas pessoas.


Eu me sinto, nessa concepção de atuação política, de esquerda, combativa, em defesa dos direitos humanos, em defesa da classe trabalhadora… pautas com as quais estou um pouco solitária na ALESE, já que outros deputados que estão na base governista não podem fazer esse enfrentamento, essa crítica a esse projeto privatista do governo, entreguista das OS [Organizações Sociais], da venda da DESO, de sucateamento mesmo dos serviços públicos. Da luta pela realização de concursos públicos que realmente atendam às demandas dos setores como da saúde, que está aí na polêmica de um concurso feito, mas que não corresponde às demandas da Fundação Hospitalar de Saúde ou da própria Secretaria do Estado da Saúde; do concurso público do magistério, que o próprio Sintese entrou com ação civil pública, que não contempla o déficit de mais de dois mil professores que já foram aposentados desde o último concurso, e ele faz um concurso com trezentas vagas… Então, eu me sinto às vezes um pouco só.


Mas espero que, nas próximas eleições, a gente possa mudar esse quadro para que a gente tenha uma resistência a esses projetos que prejudicam a classe trabalhadora, ameaçam direitos que foram estabelecidos com tanta luta.

Foto: Janaína Santos
Foto: Janaína Santos

(A.C.) Recentemente, a senhora esteve ao lado da vereadora Sônia Meire e do presidente estadual do PT, Rogério Carvalho. Foi publicada uma foto dos três, porém não percebi grande repercussão ou uma atuação mais conjunta entre as duas agremiações. Em torno de que se deu essa conversa? Podemos esperar uma aliança entre PT e PSOL na próxima eleição?


(L.B.) Essa reunião foi derivada de uma mobilização do agrupamento do qual faço parte, ao qual estou mais ligada no PSOL. A gente entende que o PSOL, junto com o PT e com os demais partidos progressistas, deveria formar uma frente, uma unidade para combater o governo do estado de Sergipe, o governador Fábio Mitidieri. Seria importantíssimo que a gente, por toda essa postura, todas as críticas que a população está fazendo com a venda da DESO, desse projeto privatista e com tantas atitudes desastrosas que estão prejudicando a comunidade, tivesse unidade, se desse uma alternativa viável.


Por isso, antes de Rogério, a gente se reuniu também, e divulgamos, mas não teve tanta repercussão, com João Daniel, com Ana Lúcia, para saber o que eles acham, para fortalecer essa frente única. Mas muitos continuam dependendo de uma posição do PT em nível nacional.


Há uma prioridade pela reeleição de Lula. Então, existe uma avaliação de que seria importante estar no palanque de Mitidieri. Eu acho que não. Acho que prejudicaria ainda mais pessoas que estão nesse campo da esquerda. Porque, se juntar a uma pessoa que vai de encontro a tudo que o próprio presidente acredita… porque uma coisa é o PSD em um estado; outra coisa é o PSD aqui. Acho que o PT precisa avaliar. E acho que não vai mudar muito Lula estar em um palanque como o de Mitidieri. Pelo contrário, fica uma queimação, um afundamento, tanto do PT como da esquerda no geral. Mas acredito que, se isso acontecer, o PSOL vai sair forte.


De todos com quem já conversei, com a direção municipal do PSOL, com o vereador Iran Barbosa, com a vereadora Sônia Meire, com toda a militância, mesmo que a gente não saia com uma candidatura de frente, nessa unidade, o PSOL vai escolher um nome. A gente tem certeza de que esse nome vai fazer um enfrentamento muito grande, vai ser uma alternativa ao que está posto aí: esse governo privatista, ou então a outra opção, que seria a extrema direita, e que também seria bem desastrosa.


(A.C.) Aproveitando que falamos do PT, vamos para o campo da esquerda. Em Sergipe, partidos de esquerda que disputam projetos eleitorais, como PDT, PSB, PCdoB e até mesmo o PT, estão na base de apoio a Mitidieri. Se não estão oficialmente, têm boa parte de suas lideranças comprometidas com esse governo. Esse cenário é bastante desafiador para o espectro, que parece defender uma agenda para o país e outra completamente diferente para Sergipe. A senhora, enquanto um dos principais nomes do campo e do PSOL, acredita haver condições de trazer esses partidos novamente para o lado da classe trabalhadora sergipana?


(L.B.) É contraditório o que estão fazendo aqui em Sergipe todos esses partidos. Até mesmo o PV — que está na federação com o PT —, o PSB, o PDT... Isso enfraquece muito as pautas da esquerda, a defesa dos direitos da classe trabalhadora, do combate a posturas autoritárias que a gente percebe em certos governos. Como digo, Mitidieri se acha dono do estado de Sergipe. Então isso é muito prejudicial para a esquerda e também contraditório. Como, nacionalmente, o partido historicamente vem denunciando essas táticas e, por interesses, que sei lá quais são, acaba se juntando com esse governo que não tem nem unidade? É extrema-direita, é PDT… então é uma salada de pessoas, e isso enfraquece porque não há um projeto. Não é um grupo que tem um projeto para o nosso estado. Junta com todos os lados só pensando no poder, na reeleição, e não pensando no melhor para o estado de Sergipe.


(A.C.) O PSOL tem crescido em Sergipe a cada eleição, mas, depois da renovação ocorrida entre 2016 e 2022, parece ter encontrado limites para se autorrenovar e ampliar sua presença. Os votos continuam concentrados em poucos nomes — como a senhora, Iran Barbosa, Sônia Meire e Mário Leony — e o partido tem dificuldade até mesmo para apresentar chapas completas.


Em Aracaju, por exemplo, poderiam ter sido lançadas 27 candidaturas a vereador em 2024, mas foram apenas 13. Em 2022, havia espaço para 25 candidaturas a deputado estadual, porém o partido apresentou somente 11.


Chamo a atenção para esses pontos porque, nacionalmente, o PSOL interrompeu seu ciclo de crescimento — o número de prefeitos chegou a zero e a bancada de vereadores caiu de 93 para 80 em 2024 — e isso pode ocorrer também em Sergipe caso não haja planejamento.


Diante desse quadro, como a senhora interpreta a conjuntura do PSOL em Sergipe? E quais caminhos o partido precisa percorrer para diversificar sua representação interna e ampliar sua competitividade nos espaços legislativos?


(L.B.) Primeiro é o PSOL não fazer o mesmo erro de outros partidos de esquerda e seguir seus ideais, aquilo que é a base de um partido revolucionário, de um partido de esquerda. Sendo um partido anticapitalista, antirracista, antimachista, anti-LGBTfóbico, em defesa da classe trabalhadora. É inegociável. Essas pautas são inegociáveis. O PSOL está se mantendo assim.


Nacionalmente, há algum receio porque a gente não sabe como vai ser com uma possível não candidatura de Guilherme Boulos, mas o PSOL aqui em Sergipe está em processo de crescimento. Eu fui a primeira parlamentar, a primeira vereadora eleita aqui em Aracaju, somente em 2020. Até então, a gente não tinha nomes que chegassem à possibilidade de conquistar mandatos em Sergipe. E a gente vem crescendo. Fui eleita em 2020 e teve dois vereadores em Estância. No ano passado, a gente aumentou aqui. Só tinha Sônia, que estava na vaga do PSOL quando vim para a ALESE. Agora temos dois vereadores em Aracaju, elegemos mais um em Japaratuba. O PSOL ainda está nesse processo de firmamento, e eu acho que é o momento certo do PSOL crescer. Vejo que muitas pessoas da esquerda estão descontentes com esses partidos citados na pergunta anterior e estão vendo o PSOL como essa alternativa.


Se a gente continuar nessa linha, de não frustrar essa expectativa de quem veio para o PSOL, iremos crescer. Porque eu só entrei na política por causa do PSOL. Foi a partir das práticas políticas do PSOL combativo, aguerrido, de não se render ao sistema, de parlamentares corajosos, que seguiam os ideais foi isso que me convenceu a me filiar e depois a me colocar. E hoje, mesmo com algumas limitações, algumas questões que em todas as instituições e em todos os partidos existem, porque não existe partido perfeito, o PSOL está em fase de crescimento. Por mais que tenha vinte anos, a gente está em fase de crescimento, e aqui em Sergipe estamos seguindo uma linha coerente. Espero que a gente mantenha isso.


Espero que as pessoas venham para o PSOL acreditando no projeto político do partido, um projeto revolucionário, um projeto socialista, um projeto pelo qual a gente luta para garantir os direitos da classe trabalhadora e luta por justiça social. A base do PSOL é a luta por justiça social, que perpassa pela valorização dos direitos da classe trabalhadora, pela garantia dos direitos humanos de todas as pessoas, por oportunidades, e por ir de encontro a esse sistema político que foi construído numa base de perspectiva coronelista, autoritária. Então, se o PSOL tomar as decisões corretas, a gente vai ter como crescer muito aqui em Sergipe, na ALESE, bem como na Câmara dos Deputados.

Foto: David Rodrigues
Foto: David Rodrigues

(A.C.) O nome da senhora é levantado para todas as vagas possíveis no pleito de 2026 — deputada estadual, federal, senadora e até governadora. Porém, é preciso definir estrategicamente qual vaga disputar. A senhora já decidiu se irá para a reeleição ao mandato de deputada estadual ou se buscará um novo espaço?


(L.B.) Hoje, a nossa avaliação, por tudo que a gente está fazendo, para não perder a cadeira aqui na ALESE que é tão importante para o PSOL… não sou eu; é uma mandata que está fazendo um trabalho de resistência muito grande, de combatividade, de levar os nossos ideais, os nossos propósitos como política à frente. A gente avalia que, justamente por ainda estar em crescimento e não ter nomes fortes para a Câmara Federal e pelo receio do PSOL não continuar na cadeira aqui, a gente vai colocando para a reeleição. Mas tudo pode mudar.


Eu me coloquei, desde o início do ano, na possibilidade do Senado, mas não colocaram o meu nome nas pesquisas de intenção de voto. Não sei se foi proposital. Mas hoje, na nossa avaliação, para dar continuidade ao que a gente está fazendo, que temos um respaldo positivo, um apoio da sociedade em todos os lugares em que vou… Fui no Pré-Caju e fiquei ali, as pessoas reconhecendo e parabenizando, a gente avalia que a continuidade desse projeto seria importante, tanto para o PSOL como para o estado de Sergipe.


(A.C.) Nossa bancada federal em Brasília tem se distanciado fortemente dos anseios da classe trabalhadora e sido motivo de constrangimento para a nossa gente. O PSOL tem buscado se estruturar para disputar, de fato, uma vaga na Câmara Federal por Sergipe? A senhora acredita que, em 2026, o partido poderá eleger seu ou sua primeira representante federal no estado?


(L.B.) Eu queria muito e espero que a gente chegue lá. Não sei se este ano (2026), justamente por esse crescimento ainda estar em curso. O PSOL tem 20 anos nacionalmente, mas aqui em Sergipe a gente está construindo nomes fortes agora. Espero que venha, quem sabe com essa janela de mudanças, pode ser que venham alguns nomes que queiram colocar à frente o nosso projeto político. A gente tem chances também de ocupar uma cadeira na Câmara dos Deputados. Acho que temos condições reais aqui. Percebo na rua que muita gente acredita e está satisfeita com essa coerência do partido, e isso é um sinal positivo.


(A.C.) Nos últimos dois pleitos, observamos atritos fortes dentro do PSOL que poderiam comprometer a coesão interna do partido. Contudo, nos eventos mais recentes, parece que essas questões ficaram para trás e que o partido conseguiu apaziguar as divergências para seguir na construção política. Como a senhora avalia o clima interno do PSOL hoje?


(L.B.) As divergências sempre vão acontecer, e quando não acontecem é porque são tratoradas. Temos as nossas avaliações, principalmente em 2024, quando a gente avaliava que, se o nosso nome fosse candidato, o PSOL ia sair mais forte pelo que a gente tinha nas pesquisas de intenção de voto. Mas, independentemente das questões e das visões, o mais importante é o partido, o coletivo. Esse partido que está fazendo um papel fantástico no Congresso Nacional, mesmo com uma bancada pequena e não tão expressiva como a de outros partidos, mas a gente está fazendo referência na luta pelo fim da escala seis por um, com Érica Hilton, agora com apoio de vários outros parlamentares, com a taxação dos super ricos, com essa postura combativa de enfrentamento à extrema direita… A gente vem fazendo um trabalho exemplar. Então, tenho certeza de que isso é o mais importante: os nossos princípios, a nossa coerência, a nossa atuação política. E as questões divergentes a gente vai superando para poder, cada vez mais, fortalecer o PSOL aqui em Sergipe e nacionalmente.

Foto: Divulgação Ascom
Foto: Divulgação Ascom

(A.C.) Qual balanço a senhora faz do seu mandato de deputada estadual? Quais são os principais projetos e conquistas do mandato?


(L.B.) A gente faz um balanço positivo porque, mesmo sendo da oposição, mesmo tendo tanta limitação, a gente já aprovou mais de vinte projetos importantíssimos, como o projeto que equipara os mesmos direitos das pessoas com deficiência às pessoas com fibromialgia. E isso deu uma repercussão nacional. É tanto que Sergipe saiu à frente da lei nacional; foi um dos poucos estados com essa perspectiva. A gente está conseguindo fazer articulação com os movimentos sociais, com as comunidades tradicionais, com áreas historicamente prejudicadas pelo governo, como a educação.


A gente tem um trabalho muito forte na educação, na defesa da educação pública de qualidade, na defesa do serviço público de saúde sendo administrado pelo governo do estado e não entregue às organizações sociais. A gente faz articulação com várias áreas. Por mais que eu venha da militância social, da garantia dos direitos humanos, das pessoas LGBTs, das mulheres, da população negra, do foco da educação, a gente tem uma mandata muito ampla. Esse leque representa essa amplitude, essa pluralidade de ações.


E a gente percebe pelas falas das pessoas, não só nas redes sociais, quando a gente posta… claro que críticas têm de ter, mas, no geral, a gente vê um respaldo muito positivo. Então, acho que a gente está, mesmo com dificuldade, não tendo uma bancada aqui, sendo só uma pessoa, mas fazendo jus aos princípios do partido, àquilo que eu acredito como atuação parlamentar independente, combativa, que não se rende às pressões dos agrupamentos políticos. Eu faço questão de dialogar com os colegas sobre o que está acontecendo, para que a gente possa, cada vez mais, fazer aquilo para o que fomos eleitas: servir a população sergipana. E a gente está fazendo isso na medida do nosso possível, mesmo com algumas limitações, pois estamos numa oposição muito pequena, mas, mesmo assim, muito combativa.

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