Marcado pela realização de festas, governo de Fábio Mitidieri não garante oferta de medicações para pacientes oncológicos
- André Carvalho

- 30 de jul.
- 2 min de leitura

Em vídeo publicado nas redes sociais nesta terça-feira, 29, o Sergipense chamou atenção para a grave situação enfrentada por pacientes oncológicos no estado. Enquanto o governo Mitidieri celebra o sucesso do Arraiá do Povo e amplia os investimentos em grandes eventos, o HUSE (Hospital de Urgência de Sergipe) convive com a falta de medicamentos essenciais para o tratamento de câncer.
A denúncia parte do contraste visível entre a atenção que o governo dedica aos festejos juninos — com estrutura, inovação e mobilização pessoal do próprio governador — e o abandono da política de combate ao câncer. De acordo com nota divulgada pelo movimento Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC), no último 26 de junho, faltavam pelo menos 40 medicamentos no HUSE. "Relatos recentes recebidos por pacientes e representantes de organizações locais apontam para a falta de mais de 40 medicamentos essenciais para o tratamento do câncer no Hospital de Urgência de Sergipe Governador João Alves Filho, o HUSE, unidade pública de referência oncológica no estado. Entre os relatos, constam casos de pacientes com mieloma múltiplo, linfomas e outras neoplasias que enfrentam a interrupção do tratamento por falta de medicações como a ciclofosfamida, vincristina, bleomicina, vimblastina, etoposídeo e bortezomibe (Velcade). Esta escassez compromete gravemente a continuidade terapêutica de pacientes em tratamento ativo, coloca vidas em risco e acentua o sofrimento físico e emocional de pessoas que já enfrentam uma condição de alta complexidade", apontou o TJCC.
A ausência dessas medicações, que já havia sido registrada em outros momentos, volta a expor o despreparo do governo estadual em garantir o mínimo planejamento à saúde pública. Enquanto as festas ganham novos formatos e espaços, o sistema de saúde segue sem respostas.
A ausência de medicamentos não é pontual. Em matéria exibida pela TV Sergipe no último dia 24, a técnica de enfermagem Hortência Batista, ela própria paciente oncológica, relatou que a escassez de remédios é constante e persistente. Para suportar as dores do tratamento, ela depende da medicação pregabalina, que, segundo seu testemunho, tem faltado com frequência — reflexo de uma gestão marcada pela ausência de planejamento e de empatia com quem mais precisa.
A interrupção no tratamento foi apontada pela família do jovem Lucas Gabriel de Oliveira Santos, de somente 23 anos, como fator decisivo para o seu falecimento. Segundo o relato, Lucas aguardou por 20 dias a realização da quimioterapia, um atraso que comprometeu sua capacidade de reagir à doença. Em meio à dor, seus familiares fizeram um apelo para a sociedade amplificar esse debate e pressione por mudanças na política de saúde do Estado.
A preocupação não se limita ao presente. O Hospital do Câncer, previsto para ser inaugurado em dezembro, deverá ser entregue a uma Organização Social (OS), repetindo o modelo adotado no Hospital da Criança. A gestão terceirizada, escolhida pela família Mitidieri — com o governador Fábio Mitidieri e o secretário Cláudio Mitidieri — indica o caminho oposto ao fortalecimento do SUS e da contratação de servidores públicos concursados.






Comentários