PT de Sergipe escolhe Rogério e barra plano de Márcio e Eliane de aproximação com Mitidieri
- André Carvalho
- 7 de jul.
- 2 min de leitura

A eleição interna do PT em Sergipe escancarou um partido extremamente dividido — mas, pelo resultado, a divisão não é no meio. Enquanto Márcio Macêdo dava a impressão de ser uma voz forte no partido e usava isso para pressionar uma aproximação com Fábio Mitidieri (PSD), os resultados do PED mostram que sua influência aqui é do tamanho do seu prestígio nacional — onde já foi comparado a uma pincelada branca numa parede branca por uma das maiores jornalistas políticas do país.
Com mais de 90% dos votos apurados na quinta parcial do Processo de Eleição Direta (PED) do PT, o senador Rogério Carvalho conquistou uma vitória retumbante, com 75% dos votos para presidente do diretório estadual — mesma marca da sua chapa. Principal opositor de Rogério, o candidato de Márcio Macêdo e Eliane Aquino, Cássio Murilo, ficou com apenas 20%. Já Carol, presidente da CUT em Sergipe, que teve apoio de Ana Lúcia, não passou dos 4%.
Além de perder o diretório estadual, Márcio e Eliane acumularam derrotas em todo o estado — inclusive em Aracaju, onde tinham sua maior base. Na capital sergipana, sua principal aliada perdeu para Camilo Daniel, que venceu com quase 70% dos votos.
O resultado, além de consolidar a liderança da aliança entre Rogério Carvalho e João Daniel, mostra uma forte rejeição à aproximação do partido com o governo Mitidieri. Uma vitória do grupo de Márcio e Eliane daria aval para continuarem o constrangedor processo de submissão ao projeto do PSD. Com a derrota, espera-se que contenham o desejo de se acomodar no governo e voltem a dialogar com os eleitores.
Além desse recado, a derrota dos dois também aponta para o abandono com que tratam os sergipanos. Desde que Lula os empregou em Brasília, Márcio e Eliane só aparecem em Sergipe para cortejar o governador ou pedir voto — como fizeram na última semana do PED. Quando a Deso precisou de defesa, quando servidores lutavam contra a terceirização, quando professores foram chamados de vagabundos, Márcio e Eliane não se mobilizaram.
Com a vitória, agora é esperar que Rogério assuma de fato a liderança e a honre, reoxigenando o partido e dando condições de crescimento de novos nomes. O PT não anima os eleitores de esquerda ao apresentar nomes que se escoram num saudosismo alheio ou que não possuem coragem para levantar bandeiras fora do período eleitoral. O presidente e a chapa eleitos para o diretório estadual do PT precisam mirar no futuro — ou correm o risco de, quando o futuro virar presente, já serem mero passado.
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