Sistema político não permite que um governo sério dê certo
- André Carvalho
- 30 de jun.
- 2 min de leitura
Matéria derivada da produção audiovisual do Sergipense.

O governo Lula (PT) tem enfrentado sérios problemas na relação com o parlamento brasileiro, impossibilitando que seu governo se desenvolva conforme apresentado em campanha. As dificuldades enfrentadas por Lula são decorrentes de uma grave distorção no papel dos parlamentares, o leva esse e os próximos governos a se frutarem. Apesar da polarização se destacar nos debates, o maior problema é que o orçamento do federal está sequestrado por deputados e senados que não possuem compromisso com o desenvolvimento do país e que não são cobrados individualmente por suas ações.
O governo Lula tem alcançado bons índices na economia, temos crescido e superado a catástrofe deixada por Jair Bolsonaro(PL). Porém, quando algum índice oscila negativamente, logo surge um comentário dizendo “faz o L”. Perceba que, nesses casos, nunca surge o nome de um deputado. Em Sergipe, por exemplo, ninguém chega e fala “também, votou em Yandra de André [deputada federal do União que liderou a lista de votos em Sergipe no ano de 2022], queria o quê?”.
Os nossos parlamentares nunca tiveram tanto dinheiro na mão, só em 2025 estima-se que os valores superem R$ 50 bilhões, e o pior, cada vez com menos transparência. É dinheiro solto para parlamentar seduzir prefeito, agradar vereador, sem a necessidade de atrelar a emenda a algum programa federal. Até mesmo ocultar os nomes dos responsáveis pelas emendas o Congresso tem feito — só para facilitar a mutreta.
Os parlamentares não precisam que o país dê certo, quem precisa que o país dê certo é o governo federal. Os senadores e deputados precisam somente que o dinheiro caia para seus aliados. Eles não precisam colaborar com o governo Lula para as emendas chegarem aos seus aliados, já tá garantido com emendas impositivas e com votações coercitivas em Plenário. Não há custo político algum para esses deputados picaretas. Eles acabam com a vida do povo em Brasília, mas é aplaudido pela população nas cidades quando paga um show ou quando entrega um trator numa associação.
Antigamente, havia um custo político para um deputado que fosse de oposição, pois menos recursos chegariam em seus aliados. Apesar de gerar debate, é razoável haver um custo para ser oposição, pois, a maioria da população elegeu um projeto de governo que merece cooperação, exceto se os compromissos dos parlamentares com seus eleitores forem contrastantes. A atividade de oposição não deve ser inviabilizada, mas, se o governo perde a capacidade de atração, pode acontecer que ter que governar em um caminho oposto ao que ele foi eleito.
Apesar de a polarização chamar atenção, quem manda e atrapalha esse país de fato é um grupo de parlamentar sem qualidade, sem ideologia, sem bandeira, sem credibilidade e sem cobranças — centrão ou arenão.
Não tem como esse país dar certo desse jeito. E veja, a população colabora com isso quando vota em qualquer candidato, sem estudar as propostas, só porque o prefeito, o primo ou a liderança do bairro indicou. Se a população continuar votando mal e cobrando só do governo federal, enquanto passa pano para deputado picareta, o que já tá péssimo vai ficar ainda pior.
Comments